terça-feira, novembro 22, 2011

Liberdade e Passes-livre da Vida

Faz tanto que não escrevo aqui, e que não escrevo nada que não seja técnico ou relacionado ao trabalho, que eu acho que perdi o jeito.
Não é que eu não tenha feito mais nada da vida a não ser trabalhar, mas de fato eu tenho trabalhado bem mais e tenho estado muito mais focada no uso da Internet para o que realmente é necessário, e vivido muito mais fora do mundo virtual. (Hip Hip Urra! Mais livre do vício!)
Tenho visto tantos filmes que eu acho que para fazer uma lista só juntando os bilhetes das entradas do cinema e pedindo ajuda à locadora pra tirar um relatório do sistema deles... (Filme continua sendo uma paixão.) Mas sabe quando você não tem paciência para sentar e escrever resenha de filme, registrar no papel ou no teclado a referência do filme na sua vida?
Pois bem, ontem assisti PASSE LIVRE... Uma comédia sobre relacionamentos. Casais casados de longa data, com filhos e alguns velhos clichês... Mulher que finge prazer, que finge estar dormindo quando o marido vai deitar para fugir dos apelos sexuais dele, a decepção do homem que casa achando que teria mais sexo e vê que na verdade o evento se torna mais raro, mulher reclamando que o homem não a entende, realmente homem sendo pouco sensível às coisas femininas, desejando mulheres além da esposa, os filhos que atrapalham a noite de amor do casal, coroa querendo sair com garotão e pensando que ele vai se apaixonar quando na verdade ele nem correria o risco de desfilar com ela à tira-colo, pelos anos de diferença, e por aí vai.
Depois de muito aprontarem os maridos ganham um passe livre: uma semana livre das obrigações do casamento, onde as mulheres estarão longe e eles poderão fazer o que quiserem.
Os garanhões, depois de 15 ou 20 anos de casamento, de vida, de estarem fora das pistas, de terem aprendido outras coisas, de até desejarem outras coisas, descobrem que já não têm mais a disposição, o conhecimento, a cara de pau e a virilidade de seus 20 anos. O que poderia ser uma semana de luxúria e desfrute vira uma semana de tropeços, mal-entendidos, foras, trapalhadas, orgia alimentar (com qualidade zero) e se relembram o quão difícil é para um homem estar no "mercado", "caçando".
As mulheres que tanto reclamavam dos maridos ausentes, ávidos por sexo, insensíveis, descobrem que na verdade eles eram muito melhores e melhores companheiros do que elas lembravam. Todos, homens e mulheres, pensam algumas vezes, durante o que veio a ser uma longa semana, desfazer o trato do passe livre.
Mas o mais legal do filme é a conclusão final (a qual muitos de nós já sabemos, mas teimamos em "esquecer" ou ignorar): a gente desdenha quando tem e sente falta quando perde. Assim é pra maioria das coisas em nossas vidas, para quase todo relacionamento que desenvolvemos.
Quando é que vamos parar de querer o que não temos?
De achar que a grama do vizinho é sempre mais verde?
De desdenhar do tanto que conquistamos?
De perder tempo precioso de nossas vidas e de deixar de viver ao máximo com quem amamos?
Sei não... Mas já passou da hora de abrirmos os olhos!
Relacionamentos longos são íntimos, são complexos, exigem tempo, dedicação, aceitação, perdão, paciência, alguma doação, alguma solidão a dois, mas trazem conforto, cumplicidade, conhecimento, calma, perspectiva, segurança, amor quando a gente de dedica a cultivar tudo isso.
Escolher estar e viver com alguém, dividir a vida, ter filhos, criá-los, não é deixar de ter liberdade, é mudar o foco do seu umbigo para um objetivo maior, a dois, em família.
Ou alguém acha que só pelo fato de estar solteiro se é livre?
(Aliás, meu pai sempre me dizia que a liberdade da gente termina quando começa a liberdade do outro, seja lá em que assunto for.)
Pensando...
Hora de sair daqui e ir esquentar a comida para ele que já já chegará de um dia de trabalho e de uma longa aula! (Coisinhas boas da vida em família!)
Boa noite e até.

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