
Minha vó se foi ao amanhecer, depois de uma noite em claro e de abençoar minha tia ao telefone e dizer que estava bem.
Eu sonhei com seus olhos azul-acinzentados num bebê recém-nascido mirando os meus olhos e sendo posto nu de encontro ao meu peito, também nu, com a sensação de que aquele era um abraço de calma, eterno. Hoje eu acordei chorando, às 5:10hs.
Ainda não consigo sentir o que eu esperava que sentiria.
Nessas horas eu fico anestesiada, diante da serenidade que é necessária para falar com pessoas calmamente, consolar quem se desespera, diante do mundo que não para pra gente chorar, eu acabo me sentindo sem opção e escolhendo ir resolvendo tudo.
Tenho certeza que a pausa para dor virá quando eu menos esperar, talvez num dia daqui a alguns meses em que eu coma um doce de batata doce, que eu faça uma sopa de legumes batida no liquidificador e ponha um fio de azeite, que eu beba um copo gelado de mate feito em casa, ou ainda que esteja lendo alguma receita dela no Caderno de Receitas que aos 8 anos de idade eu a ajudava a montar, usando os panos de prato que ela bordou pra mim, ou vendo minha filha enxugar as mãos numa das toalhinhas que ela decorou.
Eu não sei. A vontade de chorar é grande, mas o dia de trabalho foi tão intenso e tudo foi tão rápido, que me peguei alguns segundos no banheiro apertando os olhos e tentando fazer sair as lágrimas que não sei por que razão não querem me dar alívio. Elas estão perdidas, ainda.
Eu ainda não sei tudo que dela vai me fazer falta. Ainda não sei quanto isso tudo vai me doer. Que coisas eu ainda queria ter vivido com ela, como vou me sentir amanhã ao vê-la naquele lugar.
Minha vó era a referência de pessoa mais velha e mais merecedora de respeito que eu tinha na vida e eu ainda não sei o que a partida dela representa pra mim.
Por agora eu sei que tudo parece suspenso.
Não sei bem o que pensar, não consigo chorar. Não consigo me sentir triste demais porque não a temos mais por perto, nem feliz demais porque ela enfim descansou das consequências do AVC.
Só queria deitar no colo dela e ouvi-la cantar "Eu me lembro da priminha Mariquinha lá no fundo do quintal... Eram tão belos os seus sonhos e encantos, lá no fundo do quintal..."
Descanse em paz, minha vó, longe das coisas do seu corpo que já não acompanhava mais a sua lucidez e a sua força. E lembre-se sempre que você foi uma mulher muito, mas muito amada nesta terra.
Eu sonhei com seus olhos azul-acinzentados num bebê recém-nascido mirando os meus olhos e sendo posto nu de encontro ao meu peito, também nu, com a sensação de que aquele era um abraço de calma, eterno. Hoje eu acordei chorando, às 5:10hs.
Ainda não consigo sentir o que eu esperava que sentiria.
Nessas horas eu fico anestesiada, diante da serenidade que é necessária para falar com pessoas calmamente, consolar quem se desespera, diante do mundo que não para pra gente chorar, eu acabo me sentindo sem opção e escolhendo ir resolvendo tudo.
Tenho certeza que a pausa para dor virá quando eu menos esperar, talvez num dia daqui a alguns meses em que eu coma um doce de batata doce, que eu faça uma sopa de legumes batida no liquidificador e ponha um fio de azeite, que eu beba um copo gelado de mate feito em casa, ou ainda que esteja lendo alguma receita dela no Caderno de Receitas que aos 8 anos de idade eu a ajudava a montar, usando os panos de prato que ela bordou pra mim, ou vendo minha filha enxugar as mãos numa das toalhinhas que ela decorou.
Eu não sei. A vontade de chorar é grande, mas o dia de trabalho foi tão intenso e tudo foi tão rápido, que me peguei alguns segundos no banheiro apertando os olhos e tentando fazer sair as lágrimas que não sei por que razão não querem me dar alívio. Elas estão perdidas, ainda.
Eu ainda não sei tudo que dela vai me fazer falta. Ainda não sei quanto isso tudo vai me doer. Que coisas eu ainda queria ter vivido com ela, como vou me sentir amanhã ao vê-la naquele lugar.
Minha vó era a referência de pessoa mais velha e mais merecedora de respeito que eu tinha na vida e eu ainda não sei o que a partida dela representa pra mim.
Por agora eu sei que tudo parece suspenso.
Não sei bem o que pensar, não consigo chorar. Não consigo me sentir triste demais porque não a temos mais por perto, nem feliz demais porque ela enfim descansou das consequências do AVC.
Só queria deitar no colo dela e ouvi-la cantar "Eu me lembro da priminha Mariquinha lá no fundo do quintal... Eram tão belos os seus sonhos e encantos, lá no fundo do quintal..."
Descanse em paz, minha vó, longe das coisas do seu corpo que já não acompanhava mais a sua lucidez e a sua força. E lembre-se sempre que você foi uma mulher muito, mas muito amada nesta terra.
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