domingo, outubro 19, 2008



A simplicidade em buscar a felicidade nos torna mais alegres, mais livres, mais soltos.
Não, não é simplicidade de querer menos ou de não desejar muito, não é simplicidade de ser pobre de dinheiro e rico de amor, não é a simplicidade de ter muito dinheiro e comer um “PF” com arroz e fritas no horário de almoço do trabalho.
A simplicidade que questiono (ou da qual falo) é a simplicidade do olhar, a simplicidade do sentir, a simplicidade do escutar, a simplicidade do paladar, de inalar e tocar.
Resumindo, ou esticando, queria expressar a felicidade que me atravessa por eu estar redescobrindo algumas “sensibilidades” (simplicidades!) que a vida nos resolve mostrar em horas oportunas. Redescobrir o valor de um olhar e o que ele nos é capaz de mostrar, faz-nos descobrir a simplicidade do sentir – ou o que nos faz ter ou criar sensações em nosso cérebro referente às coisas que vemos ou simplesmente “sentimos”.
Admirar a beleza, que não necessariamente precisa ser a exterior, vulgarmente chamada “lataria” ;-), mas digo admirar a beleza de um sorriso dado naturalmente, de um sorriso arrancado por quem mais desejava lhe ver sorrir... Admirar o olhar, a maneira de se apresentar, admirar a forma de alguém se expressar...
Isso me faz relembrar a simplicidade que há no sentido da visão.
Escutar é tão natural, é tão óbvio, é tão cotidiano (desculpe-me pela insensibilidade com os surdos - eu sei que escutar não é tão cotidiano assim para muitos!) que nos faz esquecer que sons simples da natureza humana podem ser mais harmônicos que músicas...
Pode parecer lugar comum, mas escutar uma gargalhada, uma palavra, um simples “oi” às vezes é razão suficiente para transformar o dia em mais “melodioso”...
O que mais me impressiona é descobrir que o tom compassado, rápido e curto de passos não faz só lembrar da simplicidade dos detalhes da audição, mas faz dar um sentido – impossível de explicar com simples palavras – para a imaginária visão desses passos estarem se dirigindo a mim.
Alusão aos outros simples “sentidos” da vida... Três deles combinados trazem a supremacia e o mais sublime da simplicidade humana perdida por grande parte das pessoas. Nada pode ser tão mais perfeito que inalar o perfume, ter o paladar único e a sentir a maciez da pele...
Tocar com intensidade não significa bater, não precisa ser pegar com força, não precisa ser com movimentos intensos e nem bruscos. Basta ser um movimento que seja ligeiro com a cabeça, rápido com as mãos, porém de uma proximidade que permite sentir ímpar perfume que a pele do outro emana suavemente.
Aos poucos essa combinação de sentidos traz o que deveríamos ter adotado em todos os dias de nossas vidas: sermos mais simples e justos, mais detalhistas e apurados conosco. Ter os sentidos aguçados pela simplicidade não significa olhar alguém e falar o óbvio... Ou adivinhar o perfume que se usa ao abraçar uma única vez uma pessoa... Simplicidade está em traduzir os diferentes tons de brilho dos olhos como palavras escritas pelo coração... Simplicidade está em sentir a maciez e a sinceridade de um abraço por inteiro... Simplicidade é saber quem se aproxima pela melodia dos passos... Simplicidade é sentir o gosto da pele com um único toque de lábios e saber diferenciá-la de qualquer outra que você já provou...
Com tudo isso vejo que de toda simplicidade humana os cinco sentidos são fundamentais, porém andam tão esquecidos que talvez o melhor mesmo seja encará-los como de uma simplicidade diferencial...
Afinal diferença maior faz quem consegue fazer os sentidos se tornarem simplesmente perfeitos. Tão perfeitos, tão despertos que em alguns momentos nos fazem esquecer de tudo à nossa volta. Tão simples...

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