segunda-feira, julho 28, 2008

Sem Ítaca, não terias partido...



Inspirada pela frase de um grande amigo no MSN ("É melhor viajar com esperança do que chegar") e pra espantar a zica da segunda-feira (sim, eu sou "garfieldeana"!) fui reler ÍTACA de Konstatinos Kavafys (nessa versão, tradução de Jorge de Sena)...

"Quando partires de regresso a Ítaca,
deves orar por uma viagem longa,
plena de aventuras e de experiências.
Ciclopes, Lestrogónios, e mais monstros,
um Poseidon irado — não os temas,
jamais encontrarás tais coisas no caminho,
se o teu pensar for puro, e se um sentir sublime
teu corpo toca e o espírito te habita.
Ciclopes, Lestrogónios, e outros monstros,
Poseidon em fúria — nunca encontrarás,
se não é na tua alma que os transportes,
ou ela os não erguer perante ti.
Deves orar por uma viagem longa.
Que sejam muitas as manhãs de Verão,
quando, com que prazer, com que deleite,
entrares em portos jamais antes vistos!
Em colónias fenícias deverás deter-te
para comprar mercadorias raras:
coral e madrepérola, âmbar e marfim,
e perfumes subtis de toda a espécie:
compra desses perfumes o quanto possas.
E vai ver as cidades do Egipto,
para aprenderes com os que sabem muito.
Terás sempre Ítaca no teu espírito,
que lá chegar é o teu destino último.
Mas não te apresses nunca na viagem.
É melhor que ela dure muitos anos,
que sejas velho já ao ancorar na ilha,
rico do que foi teu pelo caminho,
e sem esperar que Ítaca te dê riquezas.
Ítaca deu-te essa viagem esplêndida.
Sem Ítaca, não terias partido.
Mas Ítaca não tem mais nada para dar-te.
Por pobre que a descubras, Ítaca não te traiu.
Sábio como és agora, senhor de tanta experiência,
terás compreendido o sentido de Ítaca.
"

Acho que não preciso explicar muito depois de haver lido...
Todos os meus blogs já tiveram um post com Ítaca, ela me renova e enche a cabeça de sonhos, o coração de esperança... Faz lembrar que não importa bem o final se o caminho tiver valido a pena.
Relembra que mais vale a sensação e o que se vê, o que se aprende no caminho, do que a parada final, de fato.
Mais completo ainda se lembramos também que nós mesmos é que damos ao fato, a alguém ou a um objeto o direito, o poder e a autoridade de nos influenciarem bem ou mal. Ou seja, se o caminho for pleno, o lugar de chegada só nos deixará mal se assim o deixarmos.

(Sim, é preciso disciplina para manter o foco nessa maneira de pensar e agir... Enquanto não soubermos ser assim naturalmente, tão natural quanto respirar.)

Bom pra começar uma segunda, né?
(Boa semana também.)

(*Tirei a foto domingo passado de manhã, uma árvore florida do Aterro do Flamengo... Inverno do Rio de Janeiro...)

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